São Paulo
Estou de volta pra cidade
onde o cinza nunca se dilui.
Não sou daqui,
só minhas filhas são.
Então também sou,
por que não.
Só quem já viveu suas ruas
entende o sangue que aí flui.
Ar denso, quase metálico.
Mas metal leve,
pra não pesar demais
esta barra de resistir
aos seus dias corridos
e manhãs de garoa tão fria.
Correria que contamina,
quando se vê,
se está correndo também.
Correndo pra onde
só cada um sabe.
Frias também
se tornam as pessoas.
Isso por cruzar por tanta
gente que finge não se importar.
Mas por detrás dessas armaduras
frias, metálicas,
batem corações que anseiam
pela oportunidade de se emocionarem.
Flui, cidade!
Que o nosso sangue
acompanha a sua velocidade.