Fantasias e Exatidões
Sacudiu-me numa brevidade eterna
um bater de asas de pássaro em ascensão.
Tomou-me o corpo um frêmito de voo
como a rapina na busca permanente
de se antecipar a vítima.
Longe da evidência do ancoradouro
a queda seria a salvação do verso
no exilado sopro entre o abismo
e a hesitação da métrica.
Sem amarrações concebidas
o alado barco levantaria no espaço
a fria vertigem do pouso.
Que prelúdio do azul
me levaria a tal imaginação?
A fragmentação habitual da alegoria
ou o contraponto abstrato das horas?