Cantiga Para Mário Faustino
Subia etéreo, estava em desvantagem,
o alquimista usava a arte do delírio.
Mesmo sem túnica ia contra a aragem
da confissão, o fausto ouro do martírio.
Ao ver-me nesse estado, é desvario
ou descompasso suicida da imagem?
Numa cruz, seguia o discurso do rio,
um quadro agônico vivo da paisagem.
Cantava. Era o contraponto ao choro
dos fiéis, mil vozes a prantear no coro
o cortejo insano dos que vão aos céus.
Numa alegoria infernal de Brueghel
o trompetista exaltado soprou o flughel
e os suntuosos desfilavam já sem véus.