BARULHO

Comendo fogo, mastigando brasas, cuspindo cinzas de neve

O sonho de Ícaro derreteu cérebros, criando asas de pássaros senis

Trovões, relâmpagos, deuses nórdicos

Óbitos, órbitas, mortes, espaços siderais

Naves ruidosas projetam ideias tecnológicas

O silêncio que precedeu o caos brotou flores nas falésias de vidro e cobre

Instintos de sobrevivência, predadores das grandes cidades

Criaram hologramas de Hitler e eles ganharam vida

Alguns vivem no Brasil, infelizmente!

A terra que pisamos é a mesma que vai nos engolir

Somos apenas pó e um dia retornaremos a ele

Hecatombes de diásporas infinitas, muralhas de ossos

Necrófagos e funerárias deleitam-se nas tragédias

O barulho de um silêncio incomoda mais que o barulho de mil trovões

Oásis no gueto, isolamentos no deserto

Cactos, pactos, substratos e ânsias de vômito

Verte água, jorra sangue

Encontraram um dinossauro no rio Potengi, próximo

a ponte velha de Igapó

Corpos desovados crivados de bala se amontoam por entres os mangues

Servindo de banquetes para siris, caranguejos e aratus

Pesadelos e devaneios liberam o caos em mentes ociosas

Os escafandros se dissipam em pleno mar Egeu

E essa eterna cicuta que somos obrigados a beber todos os dias!

ALDEMIR LAURENTINO
Enviado por ALDEMIR LAURENTINO em 22/10/2018
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