BARULHO
Comendo fogo, mastigando brasas, cuspindo cinzas de neve
O sonho de Ícaro derreteu cérebros, criando asas de pássaros senis
Trovões, relâmpagos, deuses nórdicos
Óbitos, órbitas, mortes, espaços siderais
Naves ruidosas projetam ideias tecnológicas
O silêncio que precedeu o caos brotou flores nas falésias de vidro e cobre
Instintos de sobrevivência, predadores das grandes cidades
Criaram hologramas de Hitler e eles ganharam vida
Alguns vivem no Brasil, infelizmente!
A terra que pisamos é a mesma que vai nos engolir
Somos apenas pó e um dia retornaremos a ele
Hecatombes de diásporas infinitas, muralhas de ossos
Necrófagos e funerárias deleitam-se nas tragédias
O barulho de um silêncio incomoda mais que o barulho de mil trovões
Oásis no gueto, isolamentos no deserto
Cactos, pactos, substratos e ânsias de vômito
Verte água, jorra sangue
Encontraram um dinossauro no rio Potengi, próximo
a ponte velha de Igapó
Corpos desovados crivados de bala se amontoam por entres os mangues
Servindo de banquetes para siris, caranguejos e aratus
Pesadelos e devaneios liberam o caos em mentes ociosas
Os escafandros se dissipam em pleno mar Egeu
E essa eterna cicuta que somos obrigados a beber todos os dias!