CIDADE SEM ALMA
Vem depressa, vem depressa
Porque a morte vem
Então façamos nossas festas
Porque o luar não mais existe
E as moças estão tristes
E a canção amor inexige
Então
Cantemos canções de amores entregues
Tão breves, tão leves e vãos
Alardiemos assombros de sonhos desvaídos
Como pródromo de infantes que querem ser vistos
Como a luz da autora que levando sol às portas
Alvoraça almas sonolentas e vazias
Como a onda estronda
que vistosa quer ser garbosa
Então corramos e acendamos
Como corpos que irradiam a si mesmos
Como vales imensos
Que de tensos nada possuem
Então voltemos
à nossa vida doentia
Ao nosso dia pós dia
De imenso ar de má-vontade e sem poesia
Sem a arte do encontro do desencontro
da vida que busca a beleza em meio às tristezas
Dos encantos que brotam dos escombros das incertezas
Das verdades escondidas nas vozes aflitas
Das cidades imensas de almas destruídas