As curvas da estrada da vida

Gilberto Carvalho Pereira, Carcavelos, Portugal, julho de 2018

A longa estrada da vida

Se percorre às escuras

Inicia-se em calma subida

Adivinhando curvas futuras.

Na adolescência, sem rumo

Tudo pode, a tudo se é capaz

Enquanto não se tem prumo,

Não a de ser um bom rapaz.

Na idade mais madura, dura

Curvas vencidas, derrapadas

A incerteza ainda perdura

Se faz necessário paradas.

Atitudes corretas, produtivas

Acomodando o bem-viver

Desprezando ações aflitivas

Da vida desarranjos demover.

Na velhice, final da estrada

Sem forças para continuar

Com a vida já administrada

Dela, sem aflição, desnudar.

Da materialidade e terrena

Dos julgamentos e paixões

Da predileção que apequena

Que traduz em alucinações.

Já na idade da sublimação

Sem conflitos, só paz e amor

Nada de rebelião, só oração

Muita sobriedade e pudor.

É o fim da estrada chegando

Olhos turvos, memória fraca

Com Ele sempre comungando

E o coração repleto de graça.

No recinto frio e concentrado

De tristeza e enternecimento

Reina queixume e pranteado

Cheio de emoção e sentimento.

O último adeus, sofrido, doído.

Para os que ficam, só saudade,

Afastamento por Ele concedido

De uma vida plena, sem vaidade.

Gilberto Carvalho Pereira
Enviado por Gilberto Carvalho Pereira em 15/09/2018
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