O barco e o mar
Tiro as sandálias para ser levantado do chão
não preciso delas
as palavras são minhas alavancas
e o espanto
o melhor ponto
de apoio
para mover o mundo
O mar escrito que
desaguar em minha mãos
eu deixo existir
e a realidade pode então
muito bem se vestir
de papel e ser feliz
E porquê não?
Deixo minha fome ao vento
e meu remo riscando o caminho do barco
como uma criança faz
As nuvens de escolhas
o céu de possibilidades
apenas me dizem baixinho:
Você já amava isso menino, desde antes de você ser desenhado aqui.