SOLIDÃO
E’ uma manhã sem vento e sem assovio
Um deserto sem oásis e sem pradaria
Uma embarcação sem mar e sem rio
Uma noitada sem lua e sem ventania
È uma gema sem peso e sem brilho
Um beijo sem desejo e sem carmim
Um curral sem berro e sem novilho
Um meio sem princípio e sem fim
È um cavalo sem galope e sem ferradura
Uma canção sem letra e sem melodia
Um sertão sem arvoredo e sem fartura
Um arraial sem festa e sem romaria
É uma tristeza sem lágrimas e sem mágoas
Uma vereda sem caatinga e sem cavaleiro
Um riacho sem pedras e sem águas
Uma rosa sem pétalas e sem cheiro.