Sobre paixões e vendavais
Do inverno
Guardo as últimas impressões
Folhas caídas, molhadas
O fogo em fogueiras queimando
Lenhas todas queimadas
Pecados...
Das paixões e vendavais
Manhãs dos quem amam
A cama, o fogo, o fogo, a chama
Transmutações, geadas
Inflamam...
Das últimas visões que guardo
O limo na calçada
As frentes frias do Prata
O sem fim das noites de lua
Espelhos nas aguadas...
São as últimas impressões antes da Primavera
Luares em jornadas
As estrelas pedidas na noite
As noites afegãs
Os desertos, a guerra, o nada...
Das (des) humanidades
No sinal, um palhaço
Malabares, em riste
E os refugiados
De olhar longo e triste
De suas pátrias arrancados...
Das ruas, antes que chegue a Primavera
Os mendigos albergados
A uivar sustenidos de seus fados
Os sem ilusão e sem coração
Os que vagam na contravenção...
São as últimas impressões que guardo
Antes que chegue a Primavera.
B a t