Poema não

Injetado

tantos zeros ou uns,

Partido

tudo a esquerda ou a direita,

Marcado

na pele tanto bem e mal,

Não mais entendido

o que é adversário ou inimigo,

fakes ou tretas,

Mordidos e amontoados todos nós,

em barras e cercas,

Extraído o humano das roupas que já até falam e andam sozinhas por ai...

o que é isso que sobrou?

O que é para todo lado essas criaturas perdidas se olhando no espelho

e o que veem?

Só sobraram no mundo duas cores?

É apenas com elas

que vamos normalizar nosso sono?

segurar a onda?

pagar contas?

manter o tudo e o nada bem medidos?

escapar das nossas próprias mordidas?

guiar nossas rotinas cada dia mais corridas?

Não obrigado,

Não vou largar meus poemas mundos vários

não vou parar de dizer eu te amo

porque o que eu acredito

não precisa na razão fazer sentido

Só precisa ter alma, mais cores e espanto

liberdade para o ser que eu sou

errar

amar de improviso

e mais nada.