FRUTOS DO TEMPO
Francisco de Paula Melo Aguiar (*)
Se eu quisesse, abacaxi, manga, mangaba,
maracujá,tangerina, mexerica, laranja-mimosa,
mandarina, fuxiqueira, poncã, manjerica, laranja-cravo,
laranja da terra, mimosa, bergamota, clementina, cajá!...
Com tanto jenipapo pelos caminhos...
ariticum, goiaba, jabuticaba, etc & tal...
ou araçá, tamarindo, sapoti...
ao longo das estradas de barro batido!
como melancia nos roçados de meu pai.
Trapiá, melão solto...
Como pedras nas plantações nas capoeiras,
A procura de frutos ou de pássaros,
saltitando à caça com minha baladeira...
no sobe e desse em árvores e ladeiras.
Afirmava à velha Zefa Boi,
Que tem pitomba como pau que dá em doido...
por essas bandas...
Enquanto a velha Manzinha enchia a cara
de água que passarinho não bebia...
Soltava o palavrório da vida alheia.
Caju fazia lama no chão em abundância,
Mata de marmeleiro ralo...
Juá aqui, gogóia acolá,
Frutos do tempo às expensas
da sorte da natureza
e de quem se arriscar...
Abelha, marimbondo e arapuá.
Pelos cantos dos alpendres
da casa de meu pai,
reclama dona Alice de Joventino:
- anda logo, Agrinaldo, “bexiguento”
esse moleque, não é boa isca,
fruta que passarinho não belisca...
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(*) Cadeira 7 - Academia Paraibana de Poesia.