FAXINA
Esvaziei as gavetas
Limpei os armários
Tirei teias invisíveis
De aranhas imperceptíveis.
Que só minha fúria via
Varri o piso
Tirei a poeira dos móveis.
Enfim, a casa totalmente limpa
Cansada sentei-me no sofá
Ao som de Djavan
Uma meia hora ouvindo tendências
E vagando assim pelo cantar da vida
A vida de outros
Olhei para minha
Em instantes percebi
Ela também precisava de faxina
Olhei para meu interior
E com o aspirador da alma
Varri tristezas acumuladas
Mágoas não perdoadas
Amor que não era mais meu
Mas ainda me alfinetava
Como um alinhavo mal feito
Foi assim, que de alma limpa
Fui caminhar ao encontro da vida
No caminho resgatei a autoestima
Fiz festa com a alegria
Brinquei com o por do sol
Sorri para mim mesma
E escrevi na minha memória
Estou de alma lavada.