Diário de uma guerreira
Seis da matina
A noite termina
Já não é mais menina
Mas sempre heroína
Começa a rotina
Que tem como sina.
O pé tateia no chão
Procura a sandália
Guarda toda tralha
Que está no colchão
Dói o pé, dói o artelho
Dói o pulso, dói o joelho
Dói a mão.
Mesmo assim parte pra luta
Pra dura labuta que é seu viver
Casa pra varrer
Comida pra cozinhar
Uma dor pra esquecer
Muita roupa pra lavar
Anseia a noite chegar
Pra poder descansar
E amanhã recomeçar
Às seis da matina ...
“Todo dia ela faz tudo sempre igual ...”
(Chico Buarque in COTIDIANO)