ANTE A PORTA
ANTE A PORTA
O poema
mostrou-se para mim
ante a porta lateral da casa,
no instante em que
nem pensava em o escrever.
Mostrou-se como sempre
bem sorridente,
ante a minha reaçao
inesperada,
como quem sente o frio
do inverno sem agasalho,
ou o calor do verao
na caatinga com sede.
Do poema que brota
ante o meu olhar
para a porta aberta,
vejo letras, palavras, versos
lançando-se aos borbotoes
pela corrente de vento
que adentra no recinto
domestico com suavidade
poetica, trazendo-me
o poema ainda sem forma.
E e sempre assim:
pela inspiraçao subita
o poema me pega de surpresa.
Mas para o escrever,
nao importa que os vocabulos
venham tiritando de frio,
ou que os versos calorentos
sonhem com o oasis desertico.
Conquanto o poema sabe,
que em cada instante repentino
que ele se mostra para mim
(como agora ante a porta aberta),
como um artesao,
que lapida o mineral bruto,
cumpro fielmente o meu oficio
de artifice do diamante poetico.
Escritor Adilson Fontoura
Adendo: alguns acentos nao estao
postos, porque duas teclas
estao defeituosas.