PEQUENO CAUSO DE VENTOS

Está o domingo sem vento,

há no mais a mormaceira...

Me dizem as coronilhas...

Me afirmam as corticeiras.

Corro os olhos no potreiro.

Está o açude: parado...

Sem uma nesga de nuvem,

nele, está o céu espelhado.

Também a terra da estrada

está quieta nalgum rastro...

Mal e mal se volta poeira,

sentindo o golpe do casco.

Tudo está... menos os ventos!

Dobradores das macegas...

Tropeiros de chuvas boas...

Varadores destas léguas.

Norte, pampeiro e minuano,

nenhum deles venta agora...

A frincha mesmo, não chora,

e a vara verde não verga.

Está também, mais sentido,

um silêncio de ar parado,

que cochicha – enciumado,

sempre contrário aos ventos:

- Deve de andar, o pampeiro,

perdido em boca de grota...

Sina que tem e que gosta,

des’que ventou por primeiro...

- Já o quietarrão minuano,

tem costumeira paciência...

Venta calmo e vem pousando

“três dia” em cada querência.

- E, quem sabe, o vento norte

deixou de ser revoltoso

e amasiou-se à massaroca

das crina de algum sem toso!

Fábio Maciel
Enviado por Fábio Maciel em 14/06/2018
Código do texto: T6364546
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.