SEM TEMER A PRÓPRIA SORTE
I
No rancho que mal parava, “num upa” fez seu bolicho,
sortiu de fiambre e de vício e se alcunhou “bolicheiro.”
Arnóbio Silva – ponteiro – pôs preço na cavalhada
Tirou o corpo da estrada, pois cansou de ser tropeiro.
Resolveu abrir o peito... – Canta lindo! – alguém gritou.
“Num upa” virou cantor, o domador João Segundo.
Afamado nestes fundos, gostava de andar domando
mas achou lindo o fandango e resolveu ganhar o mundo.
Remendando corda e laço, quando viu... era guasqueiro!
“Num upa” emalou os arreio, foi-se embora pra cidade.
Chico Soares – pouca idade – hoje não vence a procura
Bom de trança e de costura e de laço... Barbaridade!
II
O Arnóbio cansou da lida...
O João quis mais pra essa vida...
E o Chico era um sonhador...
Nunca trocaram palavras,
mas comungavam da crença
que o tempo é seu bem maior!
III
Quem busca melhor futuro
não vive esperando a morte!
Sem temer a própria sorte,
muda de plano e de rumo,
“num upa” tira pro fumo
e segue sempre mais forte!
Nunca é tarde, nunca é cedo
pra alguma nova investida...
Se é vida... é pra ser vivida,
não pra ficar lamentando
Pois, parece custar tanto,
mas “num upa” cruza a vida!