SEM TEMER A PRÓPRIA SORTE

I

No rancho que mal parava, “num upa” fez seu bolicho,

sortiu de fiambre e de vício e se alcunhou “bolicheiro.”

Arnóbio Silva – ponteiro – pôs preço na cavalhada

Tirou o corpo da estrada, pois cansou de ser tropeiro.

Resolveu abrir o peito... – Canta lindo! – alguém gritou.

“Num upa” virou cantor, o domador João Segundo.

Afamado nestes fundos, gostava de andar domando

mas achou lindo o fandango e resolveu ganhar o mundo.

Remendando corda e laço, quando viu... era guasqueiro!

“Num upa” emalou os arreio, foi-se embora pra cidade.

Chico Soares – pouca idade – hoje não vence a procura

Bom de trança e de costura e de laço... Barbaridade!

II

O Arnóbio cansou da lida...

O João quis mais pra essa vida...

E o Chico era um sonhador...

Nunca trocaram palavras,

mas comungavam da crença

que o tempo é seu bem maior!

III

Quem busca melhor futuro

não vive esperando a morte!

Sem temer a própria sorte,

muda de plano e de rumo,

“num upa” tira pro fumo

e segue sempre mais forte!

Nunca é tarde, nunca é cedo

pra alguma nova investida...

Se é vida... é pra ser vivida,

não pra ficar lamentando

Pois, parece custar tanto,

mas “num upa” cruza a vida!

Fábio Maciel
Enviado por Fábio Maciel em 10/06/2018
Código do texto: T6360682
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