MINHAS MÃOS
Olho para minhas mãos calejadas,
Marcadas pelos rigores do tempo
Vejo em cada dobra uma jornada,
Sinais das lutas em cada momento.
Mãos que já colheram nos campos
Muitas flores como lírios e jasmins,
As mesmas que tatearam seu corpo,
Em alcovas forradas de cetins.
Mãos que abençoaram os filhos,
Todos os dias quando iam dormir,
Mas que nunca apertaram gatilhos,
Ceifando vidas que deveriam viver.
Mãos que escreveram e escrevem poemas,
E acenam para alguém ao partir
São as mesmas que acariciaram,
Seus lábios quando não estavam a sorrir.
Mãos que me guiaram e quanto,
Testemunhas, cúmplices, camaradas,
Enxuguem dos meus olhos o pranto,
E ampare-me até o fim dessa estrada.