Escrevi esse no ônibus
O cotidiano alimenta o homem por dentro
Faz ele fingir estar bem a tempo
Pra não escandalizar sua dor
Essa dor é vício inexplicável
Um masorquismo não assumido
Essa dor explode uma fúria
Suprime o sorriso
Suprime o pacifismo
Já falei aqui sobre o medo?
Ainda não
Mas aposto que esses pseudo psicopatas tenham sentido
Na calçada os mendigos estão acomodados
Dormindo pesado
Tão pesado que o cotidiano não mais os abala
Não há entreternimento são nas ruas
Qualquer coisa fora do comum
É apenas mais um
Mais um louco
Mais um perdido
Vivemos comparando nossas vidas
Utilizando desse preconceito pré-concebido
Vivemos olhando pelos cantos dos olhos
Porque o foco assusta os fracassados
Que em sua maioria
Se entendem como perfeitos injustiçados
E assim quem define o fim
É o cara que é ousado o suficiente
Por nao ansiar por um legado
Nem repetir suas frases
E ainda sim ser lembrado
Por ter sido
Menos que eles
E nesse contraste
Ser admirado por não se entregrar aos filtros impostos pelos mais bem focados
Enquanto na esquina eu compro um tabaco
Pra depois adormecer exalando
Um odor forte
Mas que ninguém irá perceber
Pois essa noite dormirei só
Mas muito bem sem você.
- Gonçalves