HORA DO CHÁ
Era feriado e, subitamente, se viu cheio de vontade, de bondade, de amor, de uma serventia generosa e sofisticada como aquele chá vindo de tão longe. Aquele que bebia naquela manhã fria, enquanto segurava a colherzinha e mexia, mexia sem parar. Não pensava em nada e nada lhe afligia, nem a ausência de amizade, nem o preço da gasolina. Apenas ouvia a colherzinha fazendo um barulhinho bom na porcelana da xícara daquele chá que bebia. E de repente, seu mundo estava no fundo daquela xícara, no pó e no açúcar que aquela gente sofrida e generosa plantou, colheu, sovou, torrou, mexeu, juntou, guardou, vendeu. Só para que esse gole fosse seu.
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