Último delírio 2

Hoje estou pronto pra dormir,

plantei minhas ideias;

cante um sonho seu pra mim.

Todo o resto é um verso que fiz

ouvindo passos na gaveta aberta

como um louco que se volta à vida sem se preocupar;

e depois ir embora, ter um vício por algum lugar.

Cante um sonho seu pra mim,

como o dia que te vi cambaleando, alucinada, crescida das árvores, às costas encardidas de uma tristeza humana.

Levava consigo a estupidez dos óculos de grau que me incitavam logo à primeira esquina da manhã.

Sei que de tão pouca paz se acostumara a um passar estreito e alguns quereres tão curtos que só se veem por detrás das sentinelas.

Ao nosso redor, dormindo às paredes, as algazarras dos pincéis que se desbotam ante a solidão dos becos e dos poemas de amor.

Nuas flores marginais se arrastavam fugidas da primavera;

talvez existam sonhos, e elas saibam.

Em último delírio, mando um buquê de rosas à prisão.

Deixaram entrar os espinhos!

De uma rebelião ouço a sirene vinda do choro de uma colombina.

Era tarde demais,

deixaram entrar os espinhos!