O menino do violino

Todos os dias, no final da tarde, em frente a minha janela passa um menino,

Vou acompanhando-o pela rua enquanto bebo meu cappuccino,

Pelo tamanho parece ter pouca idade o pequenino,

Traz nas mãos um estojo de instrumento musical, um violino,

A marca Hofner na lateral do estojo comprova que é alemão genuíno,

Vai com esforço segurando-o pela alça e o peso enverga seu corpo franzino,

Apesar de tudo não tem cara de bobo, parece ser ladino,

Com olhar atento e andar apressado chega logo ao seu destino,

A casa do meu querido vizinho, seu Belarmino,

Ex-professor de música do colégio vocacional, no período matutino,

O menino para no portão, coloca cuidadosamente o estojo no chão e toca o sino,

O velho professor abre a porta devagar e recebe o menino,

Cumprimento o professor com cortesia, afinal sou seu inquilino,

Fico na varanda, ouvindo de longe os acordes de um hino,

Que o menino vai tirando de seu instrumento de som cristalino,

Bebo lentamente o conteúdo de minha caneca, mas logo termino,

Meu coração sereno e alegre vai se aquietando paulatino,

Continuo ali imóvel, fecho os olhos, para ouvir melhor, aquele som divino,

Esse menino tem talento, embaixo eu assino,

Uma hora depois o concerto é findo,

O mestre se despede, passando a mão nos cabelos do bambino,

Já está entardecendo, entro e tranco a porta, me previno,

Tenho muito a fazer, raciocino,

Mas amanhã vou pra varanda novamente, esperar o menino do violino.

Gil Marchetto
Enviado por Gil Marchetto em 13/05/2018
Código do texto: T6335713
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