VIA CRUCIS
Partiu, de início, tudo muito conturbado
Num campo de batalha, milhares de soldados
Na busca incessante por um assento premiado
Os espaços por metro quadrado são escassos
Nem pensar em se abaixar para arrumar o cadarço
Com o balançar dos solavancos sincronizados
A temperatura, só aumenta, totalmente sufocado
As atitudes civilizadas são fatos ultrapassados
Ao menos se pleiteia que o direito seja respeitado
Mais parece uma passarela de espalhafatos elevados
Com o intuito primordial de conseguir um trocado
Na insegurança constante por artefatos confiscados
Já o pedido de clamor é absolutamente ignorado
Há paradas musicais com sons desentoados
A rotina do desinteresse também mora ao lado
Cada qual com suas angústias e pensamentos isolados
Numa coreografia moderna, algo bem ensaiado
A frieza instaurada nos olhares e ouvidos blindados
Cabeça baixa, olhos na tela e dedos no teclado
Flertes inúteis acontecem, deixando corações despedaçados
Paradas programadas, num entra e sai desenfreado
Demora angustiante, medo de chegar atrasado
Difícil esvaziar — até o seu destino — sempre lotado
Chegou! — Por favor, me dê licença que estou saturado!
Juan Castiel - 26/08/17