VIA CRUCIS

Partiu, de início, tudo muito conturbado

Num campo de batalha, milhares de soldados

Na busca incessante por um assento premiado

Os espaços por metro quadrado são escassos

Nem pensar em se abaixar para arrumar o cadarço

Com o balançar dos solavancos sincronizados

A temperatura, só aumenta, totalmente sufocado

As atitudes civilizadas são fatos ultrapassados

Ao menos se pleiteia que o direito seja respeitado

Mais parece uma passarela de espalhafatos elevados

Com o intuito primordial de conseguir um trocado

Na insegurança constante por artefatos confiscados

Já o pedido de clamor é absolutamente ignorado

Há paradas musicais com sons desentoados

A rotina do desinteresse também mora ao lado

Cada qual com suas angústias e pensamentos isolados

Numa coreografia moderna, algo bem ensaiado

A frieza instaurada nos olhares e ouvidos blindados

Cabeça baixa, olhos na tela e dedos no teclado

Flertes inúteis acontecem, deixando corações despedaçados

Paradas programadas, num entra e sai desenfreado

Demora angustiante, medo de chegar atrasado

Difícil esvaziar — até o seu destino — sempre lotado

Chegou! — Por favor, me dê licença que estou saturado!

Juan Castiel - 26/08/17

Juan Castiel
Enviado por Juan Castiel em 05/05/2018
Reeditado em 14/04/2019
Código do texto: T6328178
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