ENCONTRO CASUAL.
Várias vezes nos falamos.
Outras tantas só nos cumprimentamos.
Um ao outro socialmente.
Mas hoje! Hoje foi diferente.
Um envolvente abraço pôde dar-te.
Pude conhecer sua real beleza.
Num rosto limpo, aroma natural.
De uma imagem sem cosméticos.
De dois lábios sensuais.
Sem que batom tenhas usado.
São reais, e com sua própria cor.
Cordos frutos e dos arbustos.
Cabelos que se formam cachoantes,
Como uvas no bacelo da videira.
Olhos negros altivos e fortes,
Amendoados e aprisionadores.
Que penetram os pensamentos.
De quem os fitam, imobilizando.
Distraindo e disfarçando o pensar.
Altivez contida no sentimento.
Timbre de alguém que se orgulha.
Diante de você, teu fetiche me cala.
Como cotiledôneos, nutrem o embrião.
Sarmentos para alimentar.
O greguês que aquece o corpo.
Como vinho botado, que rubra a face.
Com o calor que anula o pudor.
Pondo o olhar dos vitimados.
Para dançarem no orbicular.
De grande beleza.
E nome de rainha.
Coroada e amada.
Apaixonante, perturbante.
Qualquer um doa-se.
Como eterno amante.
DOMINGOS INÁCIO