MEDIANEIRA
Abri na parede a janela que me faltava
Pouco me importa as regras orgânicas
A luz que penetrou nos lugares mais escuros
E pude ver uma Valência de outro canto
Não era questão de privacidade
Não era questão de liberdade
Era apenas uma necessidade
De infringir a regra e se permitir algo novo
A parede cega também me cega
Da janela clandestina eis o mundo que eu não via
Tão perto de mim, do outro lado
Tantas são agora as possibilidades
E eu tanto tempo fui apenas uma metade
Segregado num compartimento iníquo
Que de tão reto ficou oblíquo
E hoje me sinto tão ubíquo
Neste mundo infinito.