impermanência

A lucidez sempre perde o trem

a emoção vai correndo

comigo

pula em cima

vai pendurada

no ultimo vagão

com meu coração nas mãos

e rindo da cara do limite

respirando rápido

e mostrando como tudo é um caos cheio de razões

tão equilibrado quanto louco

tão organizado quanto por um triz

tão pobre de certezas

cheio de surpresas

quanto poder ser

todo esse nosso rápido

sopro

de vida

e eu

que vim assim desorganizado

para esse reino com o nome de Bahia

em plena regência de Saturno e Iemanjá

tenho essa sorte

de ter um norte

justo nas terras de Salvador

em meio a toda

essa guerra

santa de sentidos

onde recuso veementemente ver esse mundo de modo binário

diante de tantas e diárias

janelas sagradas de percepção

trago

para minha defesa

palavras-batimentos-cardíacos

sussurradas ou gritadas

humildemente em poema

na alma de seu ouvido.