Transparência
Eu nunca quis ser poeta...
Só tinha mania de escrever.
Mas minhas manias viraram versos
E nos meus versos, escrevi o meu jeito de viver.
Eu nunca quis dividir com o mundo,
Essa dor que escondo dentro do peito
E que de repente deixei transparecer.
Eu nunca queria que alguém soubesse,
Que eu teria outra vida, se pudesse,
Porque essa, apenas me faz sofrer.
Eu nunca fui eu...
Fui apenas o que queriam que eu fosse,
Como se construíssem uma cerca,
Em volta do meu viver.
Demarcaram meus limites,
Definiram meu destino,
E me trancaram numa clausura cor de rosa,
De onde nunca mais saí.
Por isso, comecei a tecer fantasias,
E quando as coloquei no papel,
Às vezes tinham o amargo do sal
E em outras, a doçura do mel.
Dizem que são poesias.