CÂNCER

Na avenida central

O cheiro agradável de gasolina

Fazia arder

Nos invadindo os poros

                    Do habitual aroma urbano.

O combustível queimava

E junto dele

Gastavam-se os pneus:

A cidade ia se movendo

Feito uma imensa máquina.

Nós

Suas engrenagens avulsas

Gastávamos a saúde no enfado.

Ali avistei um muro

Turvo

         Mudo

Transcendendo a janela de meu carro.

Um muro escuro

Feito a noite

Soturno

Como o medo

Me fitava

Feito um abismo.

Que tinha esse muro?

                                    Cismo

Com os pequenos lampejos

Que ali reluzem

Dos cachimbos.

De onde estava

Quase ouvia o atrito dos isqueiros

Quase sentia a fome

Com que consomem

                                  Aquilo

Que lhes consome por inteiros.

HenriqueBazzí
Enviado por HenriqueBazzí em 27/01/2018
Código do texto: T6237413
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