A PROPÓSITO DE "POLUIÇÃO"
Há poluição na terra, há poluição no mar,
Que estranhos os mistérios qu´ encerram
Todos os horizontes a considerar?
Há poluição nas vidas, há poluição nas mentes
E que sub-reptícias farsas estão fluindo
Em todos os espaços d´ inócuos ambientes.
Poluição nas palavras, poluição nos gestos,
Que propósitos estéreis engendram
Todas as personagens em seus manifestos?
Se há poluição nos lares e poluição nas almas
Que ignóbeis gestos estão ficcionando,
Em truculentos sons, aquelas tardes calmas?
Há poluição nas ruas, avenidas e praças,
Que fóruns banais estão animando
Todas as máscaras exibidas nas desgraças?
Ao som da fanfarra que convém
É com proventos alheios que vão dançando
Para mostrar eufóricas as tramas que tecem.
Se há terra, se há mar, mistérios e horizontes
Que são estranhos nas horas mortas,
Como é que há-de correr límpida a água das fontes?
Como é que a paz, chegará livre ou d´ improviso,
Aos corpos que cantam dentro de portas
Na ternurenta partitura de um sorriso?
A "poluição" a haver, neste mundo enfadonho,
Será apenas, e só, a revestida de Sonho!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA