Tá na cara

Ta na cara de um homem

a cor da nota

o aperto do sapato

a idade do amor.

Toda a vida é inteira

e todo inteiro é uma metade

por completar

e um canteiro de hibridas flores

como hibiscos margeando

a rua do destino

para que ainda tímido

e descalço surja na esquina

a hora que não me esqueço

pela ruga do tempo.

Ta na cara o tapa

arrancado com a lágrima

de uma revolta

um não contentamento

de não vir até aqui

pra dizer sobre o que não se sabe

Ta na cara o dia

e a vida inteira

e o instante

a obsessão e o obsoleto

Ta na cara

que o arrependimento

não trás a remissão

nem a alegria da volta

porque

Por amor às causas perdidas

peço licença

para me intrometer na vida

de um alheio.

Pode ser que vença

antes que chegue o meio

ou deixe pro final,

mas nada é tão fatal

que o caminho

vestindo o destino

de um menino,

um andar sozinho

no mundo...

Márcio Ahimsa