POR ENQUANTO

Da janela de um apartamento anônimo

Em meio a outros tantos

Entreabro as cortinas e

Ponho-me a observar

           O desvanecer da noite.

Presumo

Logo o esmaecer dos primeiros instantes da manhã

Até despertar por completo

Mas um dia.

Nesse momento

A cidade já estará em movimento

Tal uma engenhosa engrenagem:

Funcionários em alarido

Estarão abordo das lotações cortando alamedas

Para iniciarem seu turno nas fábricas;

O impostômetro a nos haurir, marcará o primeiro milhão de reais às sete horas e meia;

Os comércios dispostos por todas as avenidas irão expor suas vitrines

E venderão para poder comprar;

Estudantes ao sinal das escolas

Terão início as aulas desta manhã

Em que um jovem andará sem êxito por estas calçadas

Em busca de um emprego, exilado em seu próprio lar

E crianças caminharão com suas mães

Próximo à praça onde sentam-se os anciãos junto aos pombos

A esperar por alguma eternidade.

Mais um dia nascerá para todos

Como todo dia

Unicamente igual

Àquele que antecedera a noite

Que agora se finda.

(Haverá promessa maior que o futuro?)

As manhãs trazem tais questões

Mas o tempo as apaga como se apaga a brasa dos cigarros 

Se percebemos

Que o mesmo só se mede em grandes quantidades

Quando já resultado em cinzas.

Nenhum sinal de mudança

Se anuncia aqui

No entanto

Nós alenta pensar que isso só nos ocorre

                                                                  Por enquanto.

HenriqueBazzí
Enviado por HenriqueBazzí em 26/12/2017
Reeditado em 26/12/2017
Código do texto: T6209045
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