Berço nas estrelas.
Tão rudes são hoje as qualidades imperantes que somente caminhando, discípulo, por parca senda pode alguém se achegar da sabedoria, escondendo a sua riqueza para não ser mutilado, nem apedrejado pela vil multidão.
A baixa da cidade acolhe não somente mercadorias efêmeras, mas também uma imensa carga de sentimentos, mágoas, culpas e rancores.
E somam-se valores, arregimentam-se defeitos, multiplicam-se as paixões mundanas, e estas sem freios, estabelecem padrões de comportamento e ditam conceitos de vida, que agora está sendo esquecido pela sociedade hodierna.
A cartilha da grande massa é forjada nos parcos ensinamentos que a riqueza permite aos que recolhem as migalhas dos banquetes dos poderosos, que vivem somente o hoje, pois talvez não haverá amanhã.
As grandes fazendas, são hoje propriedades de uma minoria esperta e bandida que as registrou legalmente em todos os cartórios da terra.
E milhares de seres humanos, choram cada dia o prato de arroz e feijão que não comeram.Outros milhões amargam suas chagas e mazelas em tugúrios que ninguém jamais verá.
Outros milhares e milhares vivem cada dia o desespero de contemplar os olhos fundos dos próprios filhos, esfomeados, magros e sem vivacidade.Outros milhões rastejam como um animal pernicioso pelas sarjetas na mendicância aviltante. Milhares de crianças famintas sugam peitos secos de mães tuberculosas...
E você da gargalhadas! Você ri porque jamais sabe prantear! Você ri porque a compulsão dos valores da praça, cauterizou também a sua estrutura de agir e pensar ! Você ri porque não acredita em mais nada! Você ri porque lentamente aprendeu a dormir no charco do comodismo, acreditando-se em berço de estrelas!