Cotidiano

A rua, a buzina, a morte no asfalto,

o patrão filho da puta, o ônibus lotado,

o trem fedido, o relógio de ponto, o calor infernal,

o pobre fodido, o salário mínimo do mínimo,

os políticos larápios, a justiça cega e manca.

O famigerado horário de verão, o orgasmo relâmpago,

a saudade da roça, o nariz cheio de óleo diesel,

a gripe, a tosse, o espirro, a cidade cheirando enxofre,

a paixão virtual, o beijo digitalizado, a senha, o simulacro.

A ansiedade, a depressão, a novidade envelhecida,

a saudade, a lágrima, o riso, a dor, a fé, o ceticismo,

o fim do mundo tão perto, as pessoas tão longe,

o cenário eterno de um contraste entre a vida e a morte.

Giovani Ribeiro Alves
Enviado por Giovani Ribeiro Alves em 18/10/2017
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