ARMAZEM

Passava no final da tarde no armazém

O refúgio do sol, o apelo sal

Ganhava um sorriso da Cláudia

E um cadim de café

Aceita? Tá fresquim!

Aceitava sim e sentava lá no fundo

Lá onde se acomodava

Quem era de casa

Ouvia as histórias

Que não eram suas

Sua terapia

A história do marido

Largado na estrada da pinga

A história do filho doente

De saudade do pai

Ausente

Pedia um frango

Para o almoço de domingo

Broinhas para o café da

Tarde

Torradas para o amanhecer

Uma lasca de requeijão

Porque está bonito

Ovos caipira

Não podem faltar

E, apesar de detestar

O tal do sertanejo

Amava o sertão

Do grão, da fruta, do pão

Do aconchego, do amor

Irmão

Da fatura, da labuta

Do pai, do filho, do avô

Que o neto não entendia

Nem contemplava

E só queria no final do mês

Sua mesada pra gastar

Em roupa de marca

E shows de rock in rol.

Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 13/10/2017
Código do texto: T6141858
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