BEIJA A LONA
Sou o que beija a lona
Sem guarda para guardar
Nem um golpe de sorte
A essa merda se soma
Para poder me ajudar
Em fim, qual o suporte
Que eu possa suportar?
Na trocacão vou mal
Embaixo bem pior
Espero essa cal
Germinar o meu suor
Como o enforcado
Que se esqueceu do nó
Minha esperança nunca alcança
Devagar não chego lá
Essa subida me cansa
Desde o tempo de criança
Sem bola para jogar
Não tenho o amor
Não participo da festa
Carrego essa dor
Tatuada na minha testa
E se você tá com pena
Peço sua compreensão
Para esse fatídico tema
Sobre a ótica da tua visão
Pois esse mundo escuro
Na verdade no duro
Acostumou meu coração
Transformando tempestade
Na minha acomodação
E sem essa maldade
Sigo nessa pouca felicidade
Que restou da situação
É com ela que caminho
Mesmo na contramão
Sem um relés carinho
Nem um simples aperto de mão.
Sei que os versos são tristes
Não falam de flores
Reportam a realidade que existe
Na somatória das dores
Sei também que não estou sozinho
Que a população desse ninho
Cada dia só aumenta
Mesmo o que tenta
Dela se desvincular
Esse dito gado povo
Não é cuspido do ovo
Não chega em nenhum lugar
Pra finalizar essa sina
A zumbilandia vou mudar
Trazendo-a de São Paulo
Fincada no Ceará
Para soar nas esquinas
O seu lamentar
E quando não há jeito
O mundo vai se acabar
Jogo uma pa de sal
Que chegou o carnaval
E eu vou é sambar.
BEIJA A LONA.