AS CANÇÕES DOS RELICÁRIOS
Abro as janelas
de cada pedaço do meu corpo
me alço com as asas mais belas
e a extensa humanidade sobrevoo...
Pairo como os colibris bailarinos
me sento na calçada da fama perdida
levemente tocos os pequeninos sinos
que dizem o canto desta bela vida...
Me lavo me limpo me escovo me amo
na gaveta dos sorrisos pego o mais lindo
o acaso me mostra os seus não planos
e assim pé ante pé dançando vou indo...
Pensa que não vejo a cor esmaecida?
Pensa que não escuto o fiapo de choro tecido?
Pensa que não penso o que pensar eu devia?
Pensa que não bato com os punhos sobre o blindado vidro?
Sonhei a liberdade mas para alguns deram algemas
vivi os outros mas ainda estou em mim sozinho
desejei esclarecimentos através de cada fonema
onde estou agora só há uma taça de vinho...
Abro os porões do dicionário
e lá estão as palavras que deixamos de dizer
abraçadas a cantarem as canções dos relicários
que ouvimos às vezes sem nada poder fazer...
Só a você direi o que vou dizer agora
convidando-o a morar um dia na minha vida
só queria aprender sobre o amor que em você mora
e me sentar ao seu lado na mesma mesa
e comer a mesma comida
mesmos sós, embora...