DE NOVO?
O que restou desse caminho?
Entulhos de vidas
Espinhos
Grandes feridas!
O que restou da minha alma
Se essa dor não me acalma
Nem me deixa viver,
O que restou de você?
O apêndice do meu ser
O que então fazer?
Resistir contra a maré
Engrenar uma ré?
Fugir, desaparecer
Ou somente parar
De pensar
De existir
Serei Deus?
Não, não sou
Sou um homem
Vagando entre sombras
Sombras da escuridão
Refletida no paredão
Do carrasco de uma bala só
Engasgado nesse nó
Que não me deixa respirar
Nem um centímetro andar
Nem pra frente, nem para trás
Ai penso, aliais
Ando só
Nasci só, dele vim
Volto para o pó
Quando será?
Pode esperar
Não sei
E você?
Pode me dizer
Quando vai ser
O seu padecer?
Não, não pode
Então a poeira sacode
Levanta tua bunda
Que o sol ta bem ai
No norte te esperando
A chuva ta chegando
As xerofitas ressuscitando
O canto da sabiá
Anunciando
Que o dia vai chegar
O novo dia
De alegria
De bem estar
Sair pela madrugada
Em serenatas à cantar
Falando do novo amor
Que acabou de chegar
Fazendo tudo de novo
Uma vida de lascar.