BRASIS
Existem dois Brasis
Um dos que mamam
O outro dos que reclamam
Sem fuzis
Um dos governantes
O outro dos sempre como eram antes
O do que tá com a fatia
O outro com a agonia
Nos corredores dos hospitais
Tratados como animais
Não os animais da burguesia
Nos pet shop da vida
Animais da coxia
Cheio de sarnas, feridas
Esperando por um exame
Pra lá do outro dia
Da morte que se anuncia
Que o necrotério proclame
Enquanto ricos abastardos
Sugam suas banhas
Em plásticas cirurgias
Com o dinheiro capado
Do suor dos nossos dias
Falcatruas tamanhas
Guardadas nos apartamentos
E nos, povo jumento!
Acuados nos cantos
Até quando?
Assistindo o jornal Nacional
Batendo panela
Xingando uns aos outros
Achando tudo normal
Fortunas para um, pro resto pouco
Brasil eis ai tua tela.
BRASIS