Nos palcos da cidade
Obra surreal, mera fantasia?!
Abrem-se as cortinas para nossos dias!
Acendem-se as luzes do pânico e da agonia!
Passos assustados vacilam
Mãos perdidas atiram
Vidas, nas sarjetas, sucumbindo
Os palcos da cidade
Encenam com vívida autenticidade
Espetáculos de tristeza e insanidade
Verdadeiro circo dos horrores
Inverossímeis não são os gritos de dores
Enquanto ouvidos parecem surdos para os clamores
Assiste-se com interesse à apresentação da criminalidade
Aplaude-se com entusiasmo a violência, tornando-a banalidade
Transformam em comédia o sonho da liberdade
Envolto em enredo assombroso, o medo se perpetua
A estupidez, ignorância e intolerância se acentuam
O cotidiano, a dançar nas trevas, continua
É tragédia fenomenal a realidade
O terror parece embrutecer a sensibilidade
Em cena, o sangue jorra nos bueiros com intensidade...