COITADO DO HOMEM
 
O homem não tem culpa de nada
O homem nada contra a correnteza
O homem não sabe voltar para casa
O homem se perde na incerteza
 
Coitado do homem na solidão
Coitado do solitário sem razão
Coitado do salário que não compra o pão
Coitado do pão que fica duro e cai no chão
 
O homem às vezes perde a direção
O homem às vezes não consegue ereção
O homem quer ter vez, quer ter voz
O homem costuma dar meia volta
 
Coitado do homem sem imaginação
Coitado do homem sem sua nação
Coitado do homem sem noção nenhuma
Coitado do homem que não enturma
 
O homem pede um pedaço de pão
O homem se perde olhando o chão
Melhor olhar para o céu, ver estrelas
Uma estrela pode nos dar uma orientação
 
Coitado do homem que vive na lua
Coitado do homem que vive na rua
Coitado do homem que passa fome
Coitado do homem que não tem nome
 
O homem é um coitado
Mas foi no coito que foi gerado
O homem não pode ser generalizado
Mas para ser general, precisa ser fardado
 
O homem por sonhos é escoltado
O homem no sonho é príncipe encantado
O homem canta mesmo desafinado
É um desafio no poema mal acabado
 
 
Coitado do poeta que define o homem
Coitado do poeta que enfim, some
Coitado do poeta que não dorme
Coitado do poeta sem sobrenome
 
O poema que nada define
O poema que se definha
Na linha que tece o homem
Esse fio de sonho que logo some
 
Por isso se autoconsome
Por isso o lixo é luxo
Por isso o poema fica
No verso que nunca estica

IMAGEM: DEPOSITPHOTOS
Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 06/08/2017
Reeditado em 06/08/2017
Código do texto: T6075698
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