Barbearia
Vou a pé
céu sem sol
12 reais no bolso
passando entre cachorros no meio da rua
e a cidade baixa cheirando a feira
com os homens falando e tomando cerveja de manhã
e um mundo de gente parecendo formiga
Visto a camisa para entrar na barbearia pequena
Espero meia hora
caem os cabelos
a chuva
e o tempo
enquanto penso
porque que o sábado devora as horas tão devagar
Tiro a camisa ao sair da barbearia pequena
Compro fruta na barraca em frente
Olho sem pressa ao redor
O mundo é menor que a barbearia
Volto para as minhas sandálias velhas
abro um passo de cada vez
no ar
Testemunham meus pés de menino
onde ninguém vê
um universo absoluto de espantos
Quase tudo me leva
Desço
em frente a minha casa e tento mais uma vez reaprender a linguagem dos homens.