Para que serve um poema
Nadou devagar no livro
Sem pressa
Deixou as roupas
e a procura de sentido
nas margens
Boiou
junto com as letras
Feliz e perdido
No oceano aberto entre as palavras
Olhou
no céu
os deuses passando as páginas
mexendo os olhos
para acompanhar suas criaturinhas escritas
como se estivessem lendo suas almas
Respirou profundamente
E soprou o pó
da arte
dentro de si mesmo
e como um nascimento
gestou mundos
Amou
O silêncio que se fez
e mergulhou
novo
Como quando começa
os primeiros sinais
do dia.