CACAU - 02

(Parte 02)

Será sempre esquisita

A fome que corrói

E grita dentro da gente.

Pode ser em paris,

Nos ribeirais ou

Na beira do cais.

O destino faminto,

A falta da marmita

Nas pensões da vida

Ou a falta dos réis

Na mão do operário

Na terra dos coronéis,

Humilha-nos.

Indigna paisagem

Da esperança sufocada,

ver-se como coisa

Pras lavouras dos cacauais

E ter a tua alma alugada,

Verás em cada amanhecer

Que sangue, suor e esperança

Serão derramados

Nas lavouras infernais.

(Homenagem à Jorge Amado - CACAU, 1933, seu segundo romance)