o amor das coisas
te procuro com sede,
insone e descalço
pelas imensas madrugadas
de luzes escancaradas
que flutuam
na direção do tiro
do hiato ocasional
às beiradas do tempo
e da conjuntura astrológica
dos afetos mal-cozidos
fogo brando
aquece a angústia
no peito latino
inadvertido do perigo
da solidão
num sopro, num grito
dissonante
pontilhado pela aridez
branca e gelida
dos aparelhos domésticos
inanimados
o uivo que dissolve
em espanto as camadas
e camadas
de noites que virão
de te buscar e te perder
no gesto insinuoso
das curvas da minha geladeira