MOMENTOS
I
Sinto no olhar
Dos transeuntes famintos
Os vermes entre mexerem.
Em cada rosto
Vê-se as angústias.
Em cada passo indeciso
Vê-se o caminho incerto.
Eles buscam um destino
Abstrato.
Rumam em direções
Infinitas
Fogem de si mesmos.
II
Os meus versos
Não mais rimam.
Entrecruzam linhas
Tortas insatisfeitos.
Buscam desritemar
O que sente agora,
Por não pode gritar
Nesse vácuo.
III
Algumas límpidas
Lágrimas
Rolavam da face
Meiga da menina
Era uma vez...
IV
Entre máquinas e graxas
Escrevo meus versos
Sinto relampejar
Uma inspiração
Eletromecânica.
V
Que seria das plantas
Sem o adubo?
Que seria das estrelas
Sem o céu?
Que seria da noite
Sem a lua?
Do homem
Sem Deus?
VI
Um moleque de enorme
Pança,
De ossos a se ver
Brincava com suas
Próprias costelas.
VII
Hoje senti vontade de voar...
Danifiquei os membros
Na tentativa.