A muitas mãos
Na casa da farinha
O branco ouro
Não brota só da terra;
Brota do suor
Da dura lida.
As mãos não param:
Descascam, ralam...
A moenda abafa
Os sonhos, os desejos...
O doce embalo...
Não há tempo.
Calejada a alma
Que só se acalma
Quando se entrega ao sono.
Não mais o ouro
Do branco leite
Jorrado das negras mãos.
Ao senhor os louros!
Às mãos escravas
A triste certeza
Que a lida é dura
Ao romper do dia.