MAIS UM DIA
Jornal fechado, televisor desligado,
rádio mudo, só o vento rindo às folhas,
espreguicei como faz o leopardo,
da garrafa do sono retirei a rolha...
As paredes parecem iguais ao dia anterior,
o sol, mais velho, espalha purpurina amarela,
o que envelhece na filosofia é o jeito de supor,
o olhar cresce ou diminui o tamanho da janela?
Às expensas da vida sem parcimônia gasto-a,
vou e volto e exercito a purpúrea imaginação,
o coração é uma taça de vinho rubro a celebrar
cada segundo entre universos em expansão...
Vida aberta à curiosidade curiosa e incessante,
invado o recinto das abelhas e a casa das formigas,
me sinto igual a todas as coisas ao redor, num instante,
mesmo que homem de sociedade humana, outra vida...