Assim

Atiro pedras

e palavras

em todas as TVs da cidade

mas a "realidade"

e os mosquitos me mordem

sem parar

Pintaram as pessoas

As placas, as paredes, os indigentes,

os nossos olhos e ouvidos

as telas, as favelas

os restos da nossa moral e do discurso que seria de todos

Sobrou ódio, intolerância e ignorância

devidamente impresso em papel financiado

e depois jogado na

lixeira

O meu país consegue ficar mais desigual, pobre, burro, roubado e perdido em cores tristes

Amarelo desrespeito,

verde propina,

azul vendido

e branco olhar de desprezo

E o mundo apenas pira

e vira

mais um pouquinho

para a direita

e para baixo

Meus passos

indecisos estão cada dia demorando mais para voltar

estou preocupado

Tristes tempos esses

ao invés de defender

atacamos sem piedade

o óbvio...