Poema do Joelho

Belém, 09 de abril de 2017.

Ah meu joelho

por quê escangalhas agora?

logo tu que eras a peraltice

logo tu que eras a confiança

de pulos pulados da cama

de saltos saltados na rua

no agachar do frevo

nas noitadas alcova

eras Joelho!

Do impacto do esporte não temias

na alavanca do ônibus emergíamos

bom joelho

irmão do outro joelho

primo do tornozelo

cunhado da canela

casado com a coxa

assim unidos

mas a parte feminina é mais resistente

e joelho tu baqueias primeiro

culpa da rótula

ah, agora é patela

só que dor independe dos nomes dados

atemporal

culpa do trabalho

tá bem, não se pode culpar o trabalho

faz parte da vida

faz parte do tempo

faz parte do caminho

faz parte do peso

faz parte do terreno

faz parte da genética

quanto esforço feito

joelho, nobre joelho

pois agora eu te cuidarei

como cuidaste de mim

em todos estes anos

de percalços

de precisões

e de carimbós.