Duas palavras tímidas
Você sorriu assim
Como quem não queria nada
Soltou pelo olhar um resquício de charme
Cada movimento era ungüento de interesse
Cada respiração borrifava um pouco de insegurança
A tentativa de disfarçar chamava mais atenção
As mãos já não tinham lugar
O riso, aos poucos, ia ficando sem graça
Mas ainda com a graça da sua timidez
Eu, de longe, contemplava
Achava aquilo tudo pândego
Um corpo estranho numa situação idem
Dois corpos estranhos num momento clichê
Dois pavões
Sem penas, desarmados e interessados
Charme, desejo , interesse aguçados
Passaram-se bons minutos
Mas agora já eram palavras soltas
Ainda clichês
Ainda sem ponto e vírgula
Um desentrosamento interessante
Já foram mais alguns minutos
Alguns espasmos de silêncio
E alguns movimentos falsos
Duas palavras tímidas não formam texto
Mas geram desejo e interesse
As suas mãos já tinham lugar nos meus braços
O seu sorriso sem graça eu já não via mais
Tuas palavras tímidas viraram cena
E a plateia observava em silencio
Aguardando o começo feliz
Em mais alguns minutos...
Já éramos um espetáculo
Gabriel D´Nasc®