BEM PERTO DAQUI
BEM PERTO DAQUI
(Cena de um Natal de Crianças do Rio e de Aleppo)
a) Vilson Dias Lima
Bem perto dali
A boneca não ri mais
A bola não gira mais
O pião, não corrupia mais.
No parquinho as luzes nem a triste lua não clarejam mais;
Jasmim com bala no peito não brinca mais;
Lucas não é mais Deus na Cidade de Deus, simplesmente anjo;
E os homens “imagem” de Deus, festejam.
Bem perto daqui
Bem perto dali,
O sorriso desvive, a tristeza aflora.
Omran, vestes empoeiradas.
Sentado chora pais perdidos
Sem fala, ao mundo fala.
Alyan Kurdi, o mar amigo devolve;
Areia da praia berço e travesseiro
Um braço amigo do guarda, o guarda;
E o homem, o mais fera das feras, fere.
Bem perto daqui
Bem perto dali
Paredes feridas, feridas ao peito;
Soluço sem som, mundo mudo;
Bana suplica socorro
Brada ao mundo
Eco quase surdo soa
Ouvidos aos quatro cantos, não ouvem;
Ecos desprezados
Homens líderes ouvem tudo e nada
Bem perto daqui
Bem perto dali
Gamela forrada de feno
Berço singelo
Amigos, animais amigos;
Estrela Dalva ilumina
Ele chega e ouve.
E aos nossos ouvidos em silencio
Ensina-nos a ouvir também
Ao nosso lado
... Bem perto daqui
Fortaleza, terça-feira, 20 de dezembro de 2016 05:02:11